A aposta

As horas de almoço, na minha casa, eram muito preenchidas. A Nina (era assim que o meu Pai tratava a minha Mãe) preparava o almoço, o almoço corria tranquilo, mas lá pela uma e meia da tarde começava o corrupio de gente a assistir ao café. Fazer o café na minha casa era um ritual. A Nina fazia café de balão e nós assistíamos ao subir da água e ao descer do café. Colocava a água no balão, acendia a lamparina e esperava que a água subisse. Quando a água estava toda na parte de cima, dava umas mexidelas com uma pequena colher de pau, retirava a lamparina e, pacientemente, o café descia. No entretanto, o aroma daquele café aquecia-nos a alma! A sala onde fazíamos as refeições era ao lado da sala de jantar, que estava reservada para datas mais festivas. A sala era um pouco estreita e, claro está, a minha mãe ficava mais perto da cozinha e o Arturito na outra ponta. Esta sala permitia-nos abraçar o jardim, povoado de roseiras e hidranjas que a Nina tratava com o mesmo carinho com que tra...