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Oh, Mãe, que feliz eu estou!

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  Oh, Mãe, que feliz eu estou! Tu hoje fazes anos. Como é bom estares comigo, ainda ontem vieste ao meu quarto, dar-me um beijo, preocupares-te comigo, amparares-me no teu regaço. Eu? continuo a montar o cavalo de pau que me ofereceste e a conduzir o carro telecomandado que eu tanto queria e a Amar-te Incondicionalmente. “… Fosse eu rei do mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho. – Carlos Drummond de Andrade, em “Lição de coisas”. São Paulo: Companhia das Letras, 2012."

agora eu percebo...

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agora eu percebo porque partiste cedo os teus sonhos tornaram-se meus os sonhos, esses, eu tenho medo de não ter tempo de os cumprir. como tu. mas sabes, Mãe Tu deixaste memória amo-te, aqui, ao meu lado.

Tu espreitas-me, ali à direita.

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  A janela que se rasga à minha frente mostra-me um dia bonito. Está sol, o vento não causa inquietude nas árvores. Invade-me uma calma, uma alegria desmedida. Só podes ser tu. Tu espreitas-me, ali à direita, A sorrir. Continuas, linda, a mostrar-me o caminho. Obrigado, Mãe!

Todos os dias regresso a ti

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Eu tenho medo de que as pessoas pensem que eu só me lembro de ti agora, ou quando me recordo que tu partiste, mas na verdade elas não sabem que eu regresso a ti todos os dias. (a propósito, o Tero desta vez não fez anos, pois o ano não é bissexto! Este ano és só tu que fazes.)                                              “Mãe, minha mãe:                                                não te pese saudade                                               que eu voltarei sempre                                               como quem chega do mar.” (*) Eu existo porque todos os dias te pergunto: “Mãe, é este o caminho?”   (*) – Mia Couto, Tradutor de chuvas, “Fala de Mãe e Filho”

O velho comunista olhado por um tipo de direita

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A ideia de escrever sobre o velho comunista já tem algum tempo. Nasceu numa viagem que fiz à festa do “Avante!”. Durante algum tempo servi de motorista a dois velhos comunistas, já algo cansados, que não tinham capacidade para ir “à Festa”, como eles dizem, sozinhos. Ir à “Festa do Avante!”, eu que sou assumidamente de direita, não me preocupa. É um local aprazível, de convívio, com iniciativas interessantes e outras nem por isso. Encontro pessoas de uma área política nos antípodas da minha, algumas que se tornaram minhas amigas, que me respeitam, com algum paternalismo. E diga-se, em abono da verdade, que não tenho que esconder os meus pensamentos liberais!    Numa dessas viagens fiquei fascinado pela história de vida do velho comunista. Após um início de conversa de surdos, em que eu afirmava que aquela cor era preta e o velho comunista afirmava que aquela cor era branca, rapidamente me apercebi que a conversa não levava a lado nenhum e que estaria a perder uma oportunidade que

A avó do peru

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Escrever sobre os nossos avós, depois de eles partirem, é sempre doloroso, mas acreditem que ainda é mais doloroso para mim. O sentimento de perda foi-se desvanecendo e foi crescendo um sentimento de culpa, que me perturba. Serão a escrita e a partilha a poção mágica para exorcizar esta sensação que me esmaga? No caso da “minha avó do peru”, a dor intensa foi causada pela impaciência e pela pressa com que todos os jovens vivem a sua adolescência e início da vida adulta. Não me permiti aproveitar, com o carinho que ela merecia, a sua sabedoria e a sua doçura. Era a pressa de chegar a Ofir, porque tinha pressa de vir de Ofir. Era a impaciência de não querer parar no caminho para comprar legumes nas vendedoras de estrada junto à Estela, era ralhar porque se demorava mais a arranjar quando a íamos buscar aos domingos, para almoçar em nossa casa. Pior, era não dedicar muito tempo a ouvi-la. Se eu pudesse voltar atrás… (eu tenho vivido com este remorso, apesar de saber que ela me p

A tesoura dos porcos

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A chegada do camião dos porcos era um rebuliço. Estacionado em contramão, à porta da casa do meu Avô, e logo tratavam de colocar o estrado e os taipais. O estrado tinha umas pontas metálicas, em forma de gancho, que se seguravam na carroceria. Depois, encaixavam-se os taipais, para que os porcos não caíssem ou fugissem pelas laterais. Aberta a portinhola, era vê-los a descer. Eles iam de enfiada para os currais, que ficavam à esquerda, depois da adega, por debaixo da eira. Os últimos a serem descarregados eram os cansados, que ficavam numa divisão especial, que se situava a meio do camião, num patamar mais elevado. Os porcos são uns animais muito peculiares. Se teimam, não arredam pé e não avançam. Indo o primeiro, vão todos atrás! Eu adorava ver este verdadeiro trabalho de equipa do meu Pai e dos seus empregados, debruçado na janela da sala de jantar, ou mesmo no quintal, logo à esquerda, onde estava o tanque de lavar a roupa, uma espécie de quinta da Tia Alice. Esta fase qu